quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

MATERNIDADE E TRABALHO

Não é fácil ser uma “mulher moderna”. E me questiono sobre o que é “ser moderna”, se “ser moderna” é algo positivo (as feministas que me desculpem...). Afinal, o perfil da mulher realizada hoje inclui: ter suce$$o profissional, ser bem casada, ser ótima mãe e dona de casa, ser inteligente e atualizada, ser gostosa e “conservada”. É isso mesmo ou tô sendo pessimista?
Aos 33 anos, com uma graduação e uma especialização em Turismo, um mestrado em Antropologia e oito anos de sala de aula em cursos universitários, saio desta cena para me dedicar à maternidade.
Tá, na verdade, não é bem assim... como disse, saio desta cena. Um novo futuro profissional se apresenta. E, pensando bem, toda minha formação acadêmica surgiu de duas motivações: a primeira, a paixão pela pesquisa antropológica mesmo, sempre voltada para as questões sociais e de meio ambiente; a segunda, o desejo de ser empresária, dona de meu próprio negócio, senhora de meu destino.
E vem a realização de ser mãe, mamífera... uma certa desconfiança de que esse negócio de creche/babá em tempo integral não combina muito comigo. Aliás, não combina com a família que eu e Fernando queremos construir.
Minha geração vive entre duas “cobranças sociais”: os mais velhos insistem que “precisamos ter um emprego”, carteira assinada, aposentadoria garantida, férias, décimo terceiro, seguro saúde, salário certinho no final do mês. Por outro lado, há mais de dez anos ouço em palestras e leio em livros que vivemos o era da extinção do vínculo empregatício, do crescimento do empreendedorismo e a promessa de que “o mundo é de quem ousa e acredita no seu sonho”.
E cá estou eu, acreditando no sonho que fui construindo em cima das certezas do que NÃO queria, pois nunca tive uma vocação profissional clara, como aquelas pessoas que desde pequenas afirmam “quero ser médico”. De pouquinho em pouquinho vou construindo meu pedacinho de céu: uma relação afetiva madura, uma moradia perto da natureza e das facilidades da cidade, um filho (gente, um filho!), uma empresa nascendo e que dá pra tocar trabalhando a maior parte do tempo em casa, acompanhando bem de pertinho o crescimento de nosso pequeno.
A cada dia o Raman nos mostra uma novidade, uma nova conquista. E, muitas vezes, me emociono com seu processo. Muita coisa é diferente do que imaginava: seu ritmo, a intensidade das coisas... traços de sua personalidade que começam a se mostrar tão cedo!... Me descubro uma mãe orgulhosa, fisicamente (muito) cansada, mas emocionalmente muito feliz – e realizada! Não é fácil sair do sistema, mas a oportunidade de redesenhar o cenário em que nosso filho vai crescer e a possibilidade de “oferecer as cores” das lembranças que ele vai ter, me enchem de coragem – e ousadia, por que não?

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